As células vivas são máquinas químicas auto-reguladas e ajustadas para uma economia perfeita. Elas não só podem sintetizar simultaneamente milhares de tipos diferentes de moléculas de carboidratos, lipídeos, proteínas, ácidos nucleicos e suas subunidades mais simples, mas também podem fazê-lo nas precisas proporções requeridas pelas células. Por exemplo, quando ocorre uma rápida multiplicação celular, os precursores de proteínas e ácidos nucleicos precisam ser sintetizados em grandes quantidades, enquanto que as necessidades desses precursores para células que não estão em processo de multiplicação são muito reduzidas. As enximas-chave de cada via metabólica são reguladas de tal forma que cada tipo de molécula precursora é produzida em quantidade apropriada às necessidades correntes da célula.
Considere a via mostrada na figura abaixo, a qual leva à síntese da isoleucina. Se a célula começar a produzir mais isoleucina do que o necessário, o excesso desse aminoácido se acumula. Altas concentrações de isoleucina inibem a atividade da primeira enzima da via, diminuindo imediatamente a produção. Essa retroalimentação (feedback) negativa mantém em equilíbrio a produção e a utilização de cada intermediário metabólico.
As células também regulam a síntese de seus catalizadores, as enzimas. Assim uma célula pode desativar a síntese de uma enzima necessária para a produção de um determinado produto, se esse produto puder ser obtido já pronto no meio. Essas propriedades de auto ajustar-se e auto regular-se permitem às células manterem-se em um estado de equilíbrio dinâmico, a despeito das flutuações do ambiente externo.
Extraído de Lehninger Principles of Chemistry (David Nelson & Michael Cox). Capítulo. I - A lógica molecular da vida.