domingo, 2 de agosto de 2015

O fascinante equilíbrio do metabolismo

As células vivas são máquinas químicas auto-reguladas e ajustadas para uma economia perfeita. Elas não só podem sintetizar simultaneamente milhares de tipos diferentes de moléculas de carboidratos, lipídeos, proteínas, ácidos nucleicos e suas subunidades mais simples, mas também podem fazê-lo nas precisas proporções requeridas pelas células. Por exemplo, quando ocorre uma rápida multiplicação celular, os precursores de proteínas e ácidos nucleicos precisam ser sintetizados em grandes quantidades, enquanto que as necessidades desses precursores para células que não estão em processo de multiplicação são muito reduzidas. As enximas-chave de cada via metabólica são reguladas de tal forma que cada tipo de molécula precursora é produzida em quantidade apropriada às necessidades correntes da célula. 
Considere a via mostrada na figura abaixo, a qual leva à síntese da isoleucina. Se a célula começar a produzir mais isoleucina do que o necessário, o excesso desse aminoácido se acumula. Altas concentrações de isoleucina inibem a atividade da primeira enzima da via, diminuindo imediatamente a produção. Essa retroalimentação (feedback) negativa mantém em equilíbrio a produção e a utilização de cada intermediário metabólico. 
As células também regulam a síntese de seus catalizadores, as enzimas. Assim uma célula pode desativar a síntese de uma enzima necessária para a produção de um determinado produto, se esse produto puder ser obtido já pronto no meio. Essas propriedades de auto ajustar-se e auto regular-se permitem às células manterem-se em um estado de equilíbrio dinâmico, a despeito das flutuações do ambiente externo.

Extraído de  Lehninger Principles of Chemistry (David Nelson & Michael Cox). Capítulo. I - A lógica molecular da vida.

sábado, 1 de agosto de 2015

Desnutrição no câncer

Tumor de mama em cadela
Quem tem um animal ou mesmo um parente humano que enfrenta o câncer sabe: a doença nunca vem sozinha. Não é apenas o tumor que precisa ser combatido.  Como se já não bastassem a dor e o desgaste físico, o câncer ainda traz consigo as chamadas síndromes paraneoplásicas (SPN).  Estas são, por definição, as alterações patológicas que surgem como conseqüência de um tumor primário.  Algumas SPN chegam a ser tão agressivas que requerem tratamento antes mesmo da terapia antitumoral, visto representarem um risco mais imediato à vida do paciente. Estas síndromes podem ser gastrintestinais, endócrinas, renais, cutâneas, hematológicas e neurológicas, entre outras.
A síndrome paraneoplásica mais comum em cães e gatos é a caquexia do paciente oncológico. Em termos mais específicos, o seqüestro de nutrientes pelo tumor, bem como a liberação de certos hormônios e citocinas conduzem a um balanço calórico negativo que culmina com emagrecimento, perda de massa muscular, imunossupressão etc.
É preciso entender que o câncer atua no paciente como um parasita: para crescer, ele “rouba” nutrientes do organismo. Associado a isso há a liberação de fatores que inibem o centro da saciedade no cérebro. Tudo isso leva a um balanço energético negativo para o paciente.  Os danos ao metabolismo de carboidratos, proteínas e gorduras são extensos.
Pode ocorrer intolerância à glicose e aumento da glicemia, o que, por sua vez, conduz a alterações na resposta fisiológica à glicose, ao lactato e à alimentação. Clinicamente isso é importante porque delimita as estratégias da suplementação alimentar e da fluidoterapia.
Alguns aminoácidos de alto valor energético podem ser de grande valia no tratamento de pacientes com câncer; auxiliando na diminuição da nefrotoxicidade e outros efeitos adversos da quimioterapia, além da própria redução do tumor.
Os lipídios não parecem ser tão bem utilizados como fonte de energia por alguns tumores, contrariamente ao que ocorre com carboidratos e proteínas. Isso corrobora teorias que preconizam uma dieta rica em gorduras para pacientes oncológicos. Porém, é necessário frisar que tais dietas tem um uso muito limitado devido aos prejuízos que podem causar em outros sítios orgânicos.
Nos Estados Unidos, o National Institute of Health (Instituto Nacional de Saúde), recomenda o uso da acupuntura como terapia útil para aliviar diversos males do câncer. Nos pacientes oncológicos a acupuntura atua como terapia auxiliar, diminuindo a dor e o desconforto provocado por vômitos, ansiedade, falta de apetite e efeitos adversos da quimioterapia, proporcionando bem estar e qualidade de vida ao paciente.
Os princípios da medicina ortomolecular tem uma excelente aplicação no tratamento do câncer, buscando a restauração dos níveis corretos de vitaminas e minerais no organismo. Em uma próxima postagem falaremos sobre essa suplementação para o cão e gato com câncer.

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

O que é acupuntura?



Trata-se de uma antiga técnica de tratamento que consiste no estímulo de certos pontos na superfície do corpo, com o intuito de restaurar o equilíbrio orgânico. Podem ser utilizadas várias técnicas e materiais, como agulhas, injeção de medicamentos ou o próprio sangue dói animal (fármaco e hemopuntura respectivamente), massagens, e também o calor proveniente da queima da moxa, preparada à partir de uma erva medicinal chamada Artemísia vulgaris ou de carvão prensado.

QUAL SUA ORIGEM?
Há cerca de 5 mil anos, na China. De lá, ela se espalhou por vários países da Ásia. Com o tempo as técnicas e procedimentos foram evoluindo. Hoje já é comum o uso de eletricidade, magneto e laserterapia associada ao conhecimento milenar da Medicina Tradicional Chinesa (MTC).

PARA QUE SERVE?
Várias doenças podem ser tratadas pela acupuntura. Na MTC a doença é uma manifestação de desequilíbrio no organismo, e a acupuntura é uma forma de recuperar essa harmonia. Entre as doenças tratáveis pela acupuntura encontram-se: paralisias, dores em geral, vômitos, diarréia, disfunções neuromusculares, sequelas de cinomose, hérnia de disco, espondilose (bico de papagaio), gastrite, estresse, distúrbios hormonais e respiratórios, paralisia facial, displasia coxo-femoral, incontinência urinária e fecal, prolapsos etc.

PODE-SE ASSOCIA-LA A OUTROS TRATAMENTOS?
A associação com a acupuntura promove tanto a aceleração e a facilitação dos processos terapêuticos quanto a redução das doses dos remédios utilizados no tratamento convencional.

SERÁ QUE DÓI?
Normalmente não. Na maioria dos casos ao sentir a energia do ponto ser ativada (sensação De Qi), o animal pode sentir um desconforto e reclamar. A sensação é parecida com um leve choque.

COMO FUNCIONA?
O mecanismo de ação da acupuntura ainda não foi completamente esclarecido. Sabe-se que o estímulo dos pontos leva à produção de substâncias que teriam ação sobre receptores do sistema nervoso (neurotransmissores e neuromediadores). A acupuntura teria também ação antiinflamatória por estimular a produção de esteróides endógenos.

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Hérnia de disco

A dor nas costas é algo que atormenta muitos seres humanos. Na verdade é raro conhecer alguém que nunca tenha se incomodado com aquela pontada perto do pescoço ou aquele desconforto na lombar.  
Nossos problemas começaram há milhares de anos, quando deixamos de viver em árvores, como os outros primatas, e passamos a viver com os pés no chão. Gradativamente nossa postura foi ficando mais ereta e a força exercida na coluna tornou-se bastante centrada em seu eixo vertical, forçando os discos de uma forma para a qual eles não estavam preparados. Nos animais quadrúpedes, o corpo assume posição horizontal, fazendo com que o peso dos órgãos internos exerça uma força que traciona a coluna para baixo, causando lordose. Neles, este problema é compensado por uma musculatura extremamente adaptada. Além disso, nossos amigos de quatro patas raramente cometem os pequenos erros comuns dos humanos, como o sedentarismo e os vícios posturais nocivos.  

Mesmo assim, cães e gatos não estão imunes aos problemas de coluna. Nos animais mais idosos é comum vermos hérnias de disco, espondilose (bico de papagaio), discoespondilite, calcificação etc.  Por ter uma coluna mais extensa, os dachshunds e bassets são bastante predispostos aos distúrbios desse tipo.

O disco intervertebral funciona como um pequeno amortecedor que fica entre uma vértebra e outra, impedindo o atrito entre elas e suavizando o impacto dos movimentos. Ele é feito de um tecido fibroso, possuindo em seu interior, um núcleo pulposo, semelhante a uma gelatina. Quando o disco se torna desgastado ou sofre alguma lesão que o possa romper, sua massa projeta-se em direção ao canal medular.   

Ao pressionar a medula, a herniação causa literalmente um corte na passagem da informação nos tratos nervosos.

Para entender melhor, vamos a uma pequena e simples explicação anatômica:
A medula espinhal passa por dentro da coluna e faz parte do sistema nervoso central, ligando-se diretamente ao cérebro. Imagine um cano grosso dentro do qual passam outros vários canos finos, como canudinhos. Pois bem; esses canudinhos são os diversos tratos por onde a informação é levada dos mais variados locais do corpo (órgãos, membros etc) até o cérebro.
Entre as vértebras temos orifícios por onde saem os nervos que vão suprir o organismo. Estes ramos são chamados de raízes nervosas. Uma das funções do disco é também servir de proteção para essas raízes e quando ocorre uma hérnia, elas também são comprometidas.
Quando a hérnia pressiona um dos tratos medulares ou alguma raiz nervosa, a informação que passa por ali fica comprometida. Um exemplo: a protrusão do disco pode pressionar um trato espinhal responsável pela inervação dos membros posteriores e causar paralisia desses membros.

A gravidade da lesão depende da velocidade com que é aplicada a força compressiva, do grau de compressão e da duração desta compressão. Os principais sintomas clínicos observados são: dificuldade de locomoção, paralisia dos membros, e incontinência ou retenção urinária e/ou fecal. Pode haver dor local, mas geralmente a sensibilidade à dor nos membros está diminuída ou até ausente.
O tratamento varia com a gravidade da lesão e pode ser conservativo ou cirúrgico. O tratamento conservativo preconiza o repouso absoluto e o uso de antiinflamatórios e nutracêuticos. A fenestração cirúrgica do disco é a opção em animais com quadros mais graves. Nesse contexto, a acupuntura surge como terapêutica de grande importância, podendo auxiliar tanto no tratamento conservativo quanto no cirúrgico.

A ação da ACUPUNTURA se dá de várias formas: primeiro, causando analgesia e diminuindo o desconforto causado pela dor; segundo, através de sua poderosa ação antiinflamatória e, em terceiro lugar, promovendo relaxamento muscular, o que reduz a tensão na musculatura, que normalmente está contraída por causa da dor.
A literatura científica diz que nos animais que perdem a sensação de dor profunda, o prognóstico é reservado, sendo mais difícil sua recuperação. Contudo, temos tido alguns pacientes sem dor profunda que, após 8 a 12 tratamentos demonstraram melhoras significativas (ver caso clínico, ao final do post).

Em caso de acidente com lesão à coluna, deve-se manter o animal em repouso, manipulá-lo com o máximo de cuidado e encaminhá-lo a um médico-veterinário imediatamente. O animal acidentado necessita passar por exames e observação para descartar outros problemas e lesões que tragam risco à vida, como ruptura de órgãos internos, toxemia etc.
Para o diagnóstico exato da herniação, faz-se necessário um minucioso exame radiológico contrastado (mielografia), a fim de enumerar e localizar com precisão as lesões.


Caso Nino
Nino, um Dachshund de 6 anos, estava fadado à eutanásia. Chegou ao consultório sem movimentos nos membros posteriores, nos quais não havia sensação de dor profunda.  Todos os reflexos relativos a estes membros estavam diminuídos. O animal apresentava ainda incontinência urinária e fecal. Foi feito exame radiográfico da coluna, no qual evidenciou-se protrusão de disco entre as vértebras torácicas T10 e T11, T12 e T13 e entre as lombares L1 e L2.
O animal era extremamente estressado e arisco, o que aumentava a tensão em sua musculatura e dificultava ainda mais o tratamento. Às vezes tínhamos que fazer uma sessão de massagem antes da acupuntura, para tentar deixá-lo mais relaxado.
A sensibilidade à dor profunda foi recuperada em 30 dias. Em seguida concentramo-nos na força e no movimento nos membros. Ao fim do tratamento, que durou cerca de 3 meses, ele voltou a andar. É certo que voltou a caminhar com alguma dificuldade de equilíbrio, mas, para um animal que poderia ficar paralítico, os ganhos foram enormes. A incontinência urinária permaneceu ainda por alguns meses, mas aos poucos foi se normalizando.

Referências:
Acupuntura no Tratamento das Afecções Medulares. (Joaquim, Jean G.F.).

Reversão de paralisia em cão da raça Dachshund com tratamento por acupuntura. (Reginaldo Lourenço, Ana Helena Macedo Gouvêa e Mariney Flávia Pereira Di-Tanno Ramalho)

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Conhecendo os carboidratos

Os carboidratos são compostos orgânicos constituídos por carbono, hidrogênio e oxigênio, que geralmente seguem a fórmula empírica [C(H2O)]n, sendo n ≥ 7. A proporção entre os átomos de carbono, hidrogênio e oxigênio é de 1:2:1. Podem ser poliidroxialdeídos ou poliidroxicetonas, isto é, possuem um grupo que pode ser aldeído ou cetona, respectivamente, e várias hidroxilas, geralmente uma em cada átomo de carbono que não faz parte do aldeído ou grupo funcional cetona. 
Além de carbono, hidrogênio e oxigênio, alguns carboidratos apresentam nitrogêniofósforo ou enxofre em sua composição.
Monossacarídeos são os carboidratos com reduzido número de átomos de carbono em sua molécula. O "n" da fórmula geral (CnH2nOn) pode variar de 4 a 7 (triosestetroses,pentoseshexoses e heptoses), sendo os mais importantes as pentoses e as hexoses (C6H12O6). São relativamente pequenos, solúveis em água e não sofrem hidrólise. Devido à alta polaridade, os monossacarídeos são sólidos cristalinos em temperatura ambiente, e assim como os oligossacarídeos, são solúveis em água. 
Os oligossacarídeos são carboidratos resultantes da união de duas a dez moléculas de monossacarídeos. A ligação entre os monossacarídeos ocorre por meio de ligação glicosídica, formada pela perda de uma molécula de água. O grupo mais importante dos oligossacarídeos são os dissacarídeos, formados pela união de apenas dois monossacarídeos. Quando são constituídos por três moléculas de monossacarídeos, recebem o nome de trissacarídeos.
Os oligossacarídeos são solúveis em água, mas como não são carboidratos simples como os monossacarídeos, necessitam ser quebrados na digestão para que sejam aproveitados pelos organismos como fonte de energia.
Os polissacarídeos são carboidratos grandes, às vezes ramificados, formados pela união de mais de dez monossacarídeos ligados em cadeia, constituindo, assim, um polímero de monossacarídeos, geralmente de hexoses. São insolúveis em água e portanto, não alteram o equilíbrio osmótico das células. Os polissacarídeos possuem duas funções biológicas principais, como forma armazenadora de combustível e como elementos estruturais
DERIVADOS DE CHO:
Amidalina - Ácido glicônico - Ácido glicurônico - Ácido sacárico - Sorbitol - Trinitrato de celulose - Piroxilina - Acetato de celulose
FUNÇÕES:
  • Energética: constituem a primeira e principal substância a ser convertida em energia calorífica nas células, sob a forma de ATP. Nas plantas, o carboidrato é armazenado como amido nos amiloplastos; nos animais, é armazenado no fígado e nos músculos como glicogênio. É o principal combustível utilizado pelas células no processo respiratório a partir do qual se obtém energia para ser gasta no trabalho celular.
  • Estrutural: determinados carboidratos proporcionam rigidez, consistência e elasticidade a algumas células. A pectina, a hemicelulose e a celulose compõem a parede celular dos vegetais. A quitina forma o exoesqueartrópodes. Os ácidos nucléicos apresentam carboidratos, como a ribose e a desoxirribose, em sua estrutura. Entram na constituição de determinadas estruturas celulares funcionando como reforço ou como elemento de revestimento.

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Dermatofitose

A dermatofitose é um distúrbio dermatológico, causado por fungos que causam lesões na pele, deixando-a suscetível a outras infecções oportunistas. 


É um problema muito comum em cães e gatos, sendo mais freqüente em filhotes, pacientes com baixa imunidade e gatos de pêlo longo.  Entre os cães, os yorkshires e jack russels são as raças mais predispostas.
As lesões de pele na maior parte das vezes são pequenas áreas arredondadas, sem pêlos, circunscritas ou espalhadas, tomando, por vezes, o corpo inteiro. No início, estas lesões podem nem estar visíveis, mas o animal se coça bastante, o que leva o proprietário a procurar atendimento veterinário
Outros sintomas são vermelhidão na pele, pápulas, crostas e seborréia.  Raramente gatos podem apresentar dermatite miliar e/ou nódulos (pseudomicetoma).
Estados subclínicos (assintomáticos) são vistos em gatos de pêlo longo.
O diagnostic pode ser feito de várias maneiras, entre elas o exame com lâmpada de Wood, tricografia, histopatologia, cultura fúngica e Reacão de Cadeia de Polimerase (PCR).

O tratamento pode ser demorado e é feito com o uso de medicação antifúngica oral e tópica, na forma de banhos com xampus específicos prescritos pelo Médico Veterinário.
Muitos animais não chegam a uma cura definitiva, mas podem manter-se sob controle através da pulsoterapia (uso de medicação por tempo prolongado e em dias específicos).

Segundo a dermatologista veterinária Drª Romeika Reis, o que dificulta muito o tratamento é o fato de que os esporos dos fungos podem permanecer viáveis no ambiente por até um ano e meio. Em razão disso, deve-se realizar um rigoroso controle nos lugares onde o animal circula, com o objetivo de remover qualquer material contaminado que possa ocasionar uma recidiva. Todos os paninhos, caminhas, brinquedos e outros utensílios deves ser descartados ou esterilizados com água fervente.
Fonte: www.facmed.unam.mx/deptos
O! A dermatofitose é uma zoonose, ou seja: o ser humano pode sim ser acometido. Impedir que seu animalzinho tenha uma dermatofitose pode não ser fácil, pois o problema é muito comum e de fácil disseminação. Evite mantê-lo em contato direto com outros animais que você não conheça; seque-o muito bem após o banho. De qualquer forma, a vacinação ainda é a melhor maneira de prevenir a doença.


Fotos dos animais: Small animal dermatology: a color atlas and therapeutic guide. Keith A. Hnilica.—3rd ed.

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Displasia coxofemoral

Ela é o terror dos proprietários de rottweilers e pastores alemães. A famigerada displasia coxofemural (DCF) é um distúrbio hereditário bastante comum nos cães. Na verdade qualquer raça pode desenvolver o problema, mas raças grandes são mais acometidas.

Na DCF ocorre uma má formação da articulação coxofemural, ou seja, na inserção do membro traseiro na bacia. Os primeiros sintomas podem aparecer cedo, já aos 5 ou 6 meses, mas na maioria dos casos ela só se manifesta na idade adulta. O animal afetado pode mancar e demonstrar dor ao se levantar e ao andar. A dificuldade é maior nos pisos mais escorregadios, como cerâmicas. Nos casos mais graves, o cão pode parar de andar e sofrer atrofia da musculatura do membro posterior.

O diagnóstico da displasia é feito através de um exame simples de raio-x da articulação coxo-femoral. Mesmo em cães assintomáticos o problema pode ser identificado, facilitando bastante a prevenção dos sintomas. Muitos cães portadores vivem normalmente, correm, brincam e nadam como se não houvessem quaisquer problemas, desde que se tomem os os cuidados necessários. O cão da foto ao lado é um pastor alemão de 10 anos que tem displasia grave. Chegou a parar de andar, mas fez o tratamento e hoje vive normalmente, protegendo sua casa e caminhando todos os dias com seu dono.


O tratamento envolve o uso de antiinflamatórios e analgésicos associados a condroprotetores.  É necessário também evitar a obesidade e o consequente excesso de peso sobre a articulação. Exercícios físicos leves também são importantes, mas tem que ser realizados em piso áspero, para evitar escorregões. Aliás, em se tratando de exercício, a natação é uma ótima prática para o fortalecimento das estruturas articulares. Se possível, também deve ser feita uma suplementação nutracêutica visando minimizar o estresse oxidativo e reduzir a ação dos radicais livres, que também causam lesões nos tecidos articulares.

Geneticamente a DCF tem caráter recessivo. Isso quer dizer que o macho e a fêmea precisam ter o gene para transmitir o mal aos filhotes. Acontece que pouquíssimos proprietários sabem do problema e muitas vezes não tem como fazer exames antes da cruza. O cão portador de DCF não deve ser utilizado para reprodução. Mesmo filhotes normais cujos pais tem DCF, não se devem reproduzir. Pois seus filhos poderão herdar o problema dos avós.